Nota de Solidariedade às Lideranças e Comunidade de Aurizona e ao MAB

Quarta, 26 de Abril de 2021

Policiais militares prenderam, neste 25 de abril, Maria Aldineia e Maria Valdiene - duas lideranças atingidas pelo rompimento da barragem em Aurizona/Godofredo Viana, numa operação estranha e truculenta.

Os atingidos e atingidas protestavam na principal estrada de acesso ao distrito, no dia em que completava um mês do rompimento da barragem, para exigir que a mineradora Equinox Gold retornasse o abastecimento de água mineral para toda a população, quando policiais chegaram no local de maneira acintosa, em ação que culminou com a prisão das duas companheiras por volta das 16h.

Estranhamente, os policiais determinaram que as lideranças seriam levadas para Zé Doca, outro município. Os manifestantes denunciam que Aldinea e Valdiene sofreram tortura psicológica durante todo o trajeto e que o cabo responsável se recusou a interromper a operação mesmo quando recebeu ordens superiores. A Secretaria de Segurança Pública, que, acionada, constatou as arbitrariedades, enviou uma escolta militar para buscá-las no encruzo e trazê-las de volta à Godofredo Viana já por volta das 20h. Somente no início da madrugada, foram liberadas e puderam voltar para as suas casas. Foram 9 horas de angústia e sofrimento.

A ação dos policiais militares locais é inaceitável. Primeiro, porque protestar não é crime, vivemos numa democracia. Depois, pela forma como os policiais se posicionaram e se comportaram, esquecendo que são agentes públicos que devem atuar em defesa da sociedade e não como seguranças privados da empresa Equinox Gold.

Em Aurizona, a comunidade grita por solução para os graves problemas criados pela empresa, especialmente após o rompimento da barragem. Hoje, a população local não tem água potável nem para beber e está exposta à lama tóxica.

A barragem secundária de mineração denominada Lagoa de Pirocaua, da empresa Equinox Gold, localizada no Distrito de Aurizona (Godofredo Viana/MA) rompeu há um mês. Segundo informações do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), o rompimento causou a contaminação das principais fontes de água doce da região, como o reservatório Juiz de Fora, principal fonte de água potável que abastecia diariamente toda a população do distrito, deixando mais de 4 mil habitantes sem acesso à água potável, agora há 31 dias.

“Ao se espalhar por diversos pontos, a lama tóxica também afetou a única estrada de acesso da região, deixando a comunidade isolada por mais de 3 dias. O rompimento também causou impactos imensuráveis e, provavelmente, irreparáveis ao meio ambiente de toda a região, já que se trata de uma área de reserva extrativista, com a forte presença de recursos naturais, rios de água doce e salgada, praias, manguezais, todo um território que compõe a Amazônia no Maranhão”, destaca o MAB.

A Equinox Gold, empresa privada canadense que atua em quatro estados brasileiros, possui, só no Maranhão, a concessão de 10.000 hectares para exploração mineral de ouro, abrangendo diversos municípios na região oeste. A estimativa de lucro anual da empresa era de 1 bilhão de reais, de acordo com informações dela própria.

Mesmo assim, a Equinox Gold preferiu investir menos em segurança ambiental, colocando em risco ecossistemas, fontes de água potável, e, consequentemente, a saúde e a vida da população de Aurizona. E, diante disso, nenhum agente público pode ser conivente. Muitos menos, a polícia pode tratar com truculência aqueles que já convivem com esse sofrimento há um mês e têm todo direito de denunciar e protestar.

O STIU-MA se solidariza com as duas lideranças, vítimas diretas da ação policial, com a comunidade de Aurizona e com todas as comunidades que, hoje, são vítimas dos abusos das grandes empresas de mineração que operam no Maranhão como se aqui fosse terra sem lei. Assim como nos solidarizamos com a luta incansável do MAB por justiça para o povo de Aurizona e pela dignidade de todos os atingidos e atingidas por barragem.

Estamos juntos nessa luta, porque Sindicato combativo não se omite em nenhuma situação de injustiça e de ataque a direitos essenciais à vida e à dignidade humana.

Sindicato dos Urbanitários do Maranhão

#JustiçaParaAurizona

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