Sem o sistema Italuís o abastecimento de água de São Luís entra em colapso

Segunda, 20 de Fevereiro de 2024
por: Marcos Silva

Na quarta-feira dia 14/02/2024 a adutora do ITALUÍS no quilômetro 53, BR 135, Campo de Perizes/Bacabeira rompeu e levou a paralisação do fornecimento de água tratada para São Luís. Depois de mais de 5 anos sem a existência de acontecimentos dessa natureza, a Caema e cerca de 70% da população da capital maranhense enfrentaram novamente essa triste situação. O mais importante é que toda a diretoria em especial o Presidente Marco Aurélio Freitas e o Diretor de Operações Eriones Campelo juntamente com os demais gestores e trabalhadores (efetivos, comissionados e terceirizados) se dedicaram dia e noite na busca de uma solução para o restabelecimento da normalidade no abastecimento de água tratada para São Luís.

TEM CULPADOS?

Danos de natureza mecânica, hidráulica e elétrica são possíveis de ocorrer, ou seja, são factíveis em sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, assim como em outras atividades de natureza técnica operacional. Ainda mais sendo uma adutora com mais de 40 anos de existência e que vem sofrendo com o impacto do solo, além das trepidações provocadas por veículos pesados em uma BR de grande fluxo de transportes de cargas.

É importante que cada ocorrência de problemas no sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário deve ser objeto de avaliação com a finalidade de prevenir novos eventos. Além claro que a CAEMA precisa estruturar um plano de contingência para tais circunstâncias que possa garantir uma alternativa para o abastecimento de água em casos de paralisação do ITALUÍS.

SITUAÇÃO ATUAL DA ADUTORA DO ITALUÍS E O ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA CAPITAL MARANHENSE.

Vale lembrar que adutora do ITALUÍS com quase 58 Km de extensão entre São Luís e o município de Bacabeira operando com mais de 40 anos de instalação, ainda está sujeita a danos e rompimentos, ressalvados os 19 quilômetros que foram substituídos e finalizada as obras em 2018, do  Km 19 até o Km 38 BR 135, Campo de Perizes/Bacabeira, a substituição foi por um material mais resistente e de maior diâmetro (aço com 1.400mm), ao contrário da antiga que é de ferro fundido com diâmetro de 1.200mm. Outro importante aspecto relacionado a nova adutora é o de ser localizada com mais afastamento da Rodovia (BR 135) e suspensa por estacas de concreto, o que evita o contato direto com o solo em uma boa parte da extensão substituída.

Agora ainda existem 38 quilômetros de adutora em ferro fundido com diâmetro de 1.200 mm em contato com o solo e operando a mais de 40 anos, portanto, com riscos de novas ocorrências.

A cidade de São Luís hoje conta com 4 formas de abastecimento de água, o Sistema Sacavém é o mais antigo e com uma produção em média de 400 litros de água por segundos. O Sistema Paciência, o segundo mais antigo em operação com uma produção média de 200 litros por segundo. O Sistema ITALUÍS tem uma produção de água em média de 2.400 litros de água por segundos. O que representa em torno de 70% do abastecimento da cidade de São Luís atualmente. Complementa o abastecimento de água uma quantidade de aproximadamente 300 poços freáticos, adicionando uma média de 450 litros de água por segundos.

A água produzida pelos Sistemas de abastecimento de água e poços da CAEMA atualmente assegura a possibilidade de distribuição per capita/dia para uma população estimada em 1.150. 000.000 habitantes em média de 260 litros dia. Entretanto, a existência de intermitência se dá pelo fato de 60% dessa produção de água resultar em perdas na distribuição. Tal fato ode ser superado por um processo de universalização da hidrometração e substituição de redes de cimento amianto que são frágil e não suportam os impactos da circulação de veículos, o que leva a constantes vazamentos, além das ligações de água irregulares (clandestinas).

A HISTÓRIA DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA CIDADE DE SÃO LUÍS.

O Sistema Sacavém e Paciência produz hoje menos do que produziam nos finais dos anos 70 do século XX.  Tal situação se dá em função da captação de água realizadas na época em poços freáticos com grande volume de água doce e muitos riachos que ajudavam na captação de água superficial, a exemplo do riacho do Maracanã, Prata, São Raimundo e o fortalecimento da represa do Batatã.

Destaca-se a existência do sistema de produção de água do olho D’água com uma oferta de 100 litros de água por segundos, captação no rio Jaguarema às margens da MA 2003, próximo ao local onde funciona a UPA do Araçagi.

A Ilha de São Luís, incluído Paço do Lumiar e São José de Ribamar no início dos anos 1980 possui uma população em torno de 489 mil habitantes e com uma estimativa de crescimento nos 3 (três) municípios para uma população de 1,6 milhões de habitantes no ano de 2003. No entanto, a produção de água chegava a mil litros por segundos, o que garantia no período de chuvas de julho a dezembro uma média de 176 litros por habitantes dia, acima da expectativa da ONU, que afirma ser necessário 110 litros por habitantes dia. Porém, no período de estiagem a produção de água para o abastecimento reduzia em 50%, motivados pela redução da oferta de recursos hídricos.

O sistema ITALUÍS foi elaborado entre os anos de 1975 e 1978, pela CAEMA, visando abastecer a população de São Luís com 4.000 l/s de água potável e 11.000 l/s de água decantada para demanda industrial.

Após a obra ter iniciado no ano de 1980 no ano de 1983 foi implantada a primeira etapa, com vazão de 650 l/s de água tratada. Aqui ajudou a melhorar o abastecimento da área do Felipinho, João Paulo, Monte Castelo, Liberdade e Centro.

Em 1988, após conclusão da câmara de transição do Tirirical, centros de reservação e partes da rede tronco de distribuição, a CAEMA operou o sistema com a vazão nominal de primeira etapa de 2.000 l/s. Essa realidade vai fazer com que a água do ITALUÍS chegue à região do Anjo da Guarda.

Durante os dez anos de operação do Sistema Produtor do Itapecuru, observou aumento da resistência do Sistema Adutor, diminuindo assim a capacidade inicial de 2.000 l/s para 1.650 l/s. No ano de 1992 iniciou-se o regime de intermitência de água com manobras revezando o abastecimento de água entre as zonas de abastecimentos (ZA). Tal situação resultou no crescimento da população de São Luís e na expansão da área Itaqui-Bacanga, além do já citado aumento das perdas de água na distribuição, tanto físicas quanto em vazamentos nas redes antigas de Cimento Amianto e pelo uso irracional sem controle.

No ano de 2008 iniciou-se a obra de substituição de 19 Km da adutora onde a antiga com diâmetro de 1.200 mm de ferro fundido seria substituída por uma rede de água aço com diâmetro de 1.400 mm. Essa obra foi interrompida em 2009 e retomou a execução em 2010. No entanto, foi novamente paralisada em 2013 e só reiniciada no ano de 2015 e concluída em maio de 2018.

Vale destacar que de 2012 a 2015 foram 28 paralisações do ITALUÍS em função dos constantes rompimentos principalmente no trecho entre o Km 20 ao Km40 em função do desgaste natural pelo tempo de uso e pelos impactos das trepidações provocadas pela grande circulação de veículos pesados próximo a adutora antiga.

Após a substituição da adutora, a CAEMA ampliou a adução de água tratada do ITALUÍS para a Câmara de Transição do Tirirical. Bombeando em média 2.500 litros de água por segundo, o que faz chegar uma média de 2.100 litros de água por segundo. Em média, a CAEMA perde 400 litros de água por segundo nas sangrias (ligações clandestinas) localizadas no trecho entre o Município de Bacabeira ao Bairro do São Cristóvão na Câmara de Transição na cidade de São Luís. Essa quantidade equivale atualmente à produção do Sistema Sacavém.

No projeto inicial do ITALUÍS existia a previsão para iniciar as obras no ano de 2010, o ITALUÍS II com a construção do Reforça de Vazão e implantação de uma nova captação de água bruta para ser conduzida até o Centro Operacional de Estiva (COE), onde seria tratada e parte da água tratada seria bombeada para a Câmara de Transição do Tirirical e outra parte aduzida uma câmara de distribuição em estiva para ser distribuída aos 3 Reservatórios elevados de água tratada, o de número 1 (um)  em Estiva com 67 m³, o de número 2 (dois) em Pedrinhas com 60 m³ e o terceiro na Vila Maranhão com 66m³ de água. Assim, teríamos uma democratização da água em uma área que vem crescendo com a construção de moradias tanto planejadas e como parte de um crescimento natural da cidade.

Vale destacar que no ano de 2008 a empresa Andrade Gutierrez propôs uma parceria público-privado para executar a construção do ITALUÍS II a época com investimentos na ordem de 450 milhões com o objetivo de ter o direito a água bruta para ser vendida para a Refinaria Premium I e outras indústrias que seriam instaladas nos municípios de Bacabeira e Rosário. Em 2015 o governador Flávio Dino chegou a cogitar a possibilidade de investimentos na ordem de 100 milhões de reais para a construção do Reforço de Vazão com algumas modificações do projeto original, entretanto ampliando em 1.000 litros de água por segundo o abastecimento de água para a cidade de São Luís. 

Atualmente a CAEMA conta com o apoio do governador Carlos Brandão que vem realizando esforços para o fortalecimento da empresa como ferramenta para melhorar a qualidade de vida da população maranhense e isso buscando a eficiência rumo à universalização dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. De tal maneira que compôs uma gestão com a participação de técnicos com muita experiência na gestão pública e abnegados na tarefa de cumprir o desafio posto para a CAEMA.

O DESAFIO DA CAEMA!

A CAEMA como já mencionado precisa construir um plano de contingência para o abastecimento de água da cidade. Ou seja, diante da grande dependência da população ao Sistema ITALUÌS. Não pode uma maioria absoluta da população em uma crise provocada por um rompimento na adutora do ITALUÍS ficar sem saber para onde recorrer e no sofrimento sem o abastecimento de água. Tenho plena certeza que tanto a gestão da CAEMA, como o governador Carlos Brandão caminham nessa direção.

ÁGUA É VIDA! CUIDE.

Vamos proteger o rio Itapecuru, usar água de forma racional com controle por meio do hidrômetro, retirar vazamentos para não desperdiçar água tratada, investir em educação ambiental e consolidar métodos de participação popular nas decisões das funções de gestão do saneamento básico: planejamento, operação, regulação e controle social.

Com informações do Imirante.

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